Alimentação e saúde

Alimentação é um assunto bastante rico, cheio de vertentes: envolve saúde, sabor, prazer e desperta até mesmo – ou principalmente – memórias afetivas, desde as muito particulares, como o “bolo de fubá da vovó”, até peculiaridades culturais e regionais.

Por outro lado, com o avanço da industrialização e a vida cada vez mais atribulada, repleta de obrigações, a busca pela praticidade acabou por trazer outro tema bem polêmico – a grande oferta de ultraprocessados, “comida que não é comida”, cheia de aditivos químicos, oferecida por mensagens comerciais como a solução para quem quer comida no prato, sem que seja preciso passar antes pela feira, pela higienização e pelo fogão.

O apelo parece irresistível, mas as consequências desse novo hábito, como o aumento de doenças e dos índices de obesidade, mostram que é preciso redobrar os cuidados, avaliar melhor os apelos comerciais e observar com atenção as informações das embalagens dos produtos no supermercado, sobretudo das “letrinhas miúdas” na lista de ingredientes.

O que dizem os rótulos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão diretamente ligado ao Ministério da Saúde, é o responsável por regular e especificar as informações obrigatórias dos rótulos, que têm como objetivo garantir a segurança e a saúde do consumidor.

Além de especificar a porção (quantidade média ideal de cada nutriente no conjunto da alimentação diária de uma pessoa sadia), apresentada em medidas caseiras, conhecidas do grande público (fatia, unidade, pote, xícara, copos, colher de sopa), a embalagem precisa informar os valores diários de energia e nutrientes (%VD).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), estabelece que um adulto saudável deve consumir, em média, 2.000 calorias por dia. Uma dieta com essa proporção deve ser composta por:

● 300 g de carboidrato, para garantir energia ao corpo e ao cérebro. As principais fontes de carboidrato são massas, arroz, açúcar, mel, pães, farinhas e tubérculos;

● 75 g de proteínas, quantidade ideal para construir tecidos e células dos órgãos. Carnes, ovos, leites e derivados, além de algumas leguminosas, como feijões, soja, ervilha e lentilha, são boas fontes de proteínas;

● 55 g de gorduras totais, de origem vegetal ou animal, fornecem energia ao corpo, em associação com os carboidratos, além de favorecer a absorção de vitaminas A, D, E e K;

● 25 g de fibra alimentar, presente em frutas, verduras, legumes, grãos e outros alimentos integrais, auxiliam o funcionamento do intestino;

● 22 g de gorduras saturadas, presentes em alimentos de origem animal (carne, pele de frango, manteiga, requeijão, iogurte, queijos). Essas gorduras deve ser consumidas moderadamente porque, em grandes quantidades, aumentam o risco de doenças do coração;

● 2.400 mg de sódio, presente no sal de cozinha e na maioria dos produtos industrializados. Uma quantidade diminuta, para evitar o aumento da pressão arterial;

● gorduras trans, encontradas em grandes quantidades nos alimentos industrializados (margarinas, cremes vegetais, biscoitos, sorvetes, frituras, salgadinhos) devem ser evitadas ou consumidas em no máximo 2 gramas por dia. Além de consideradas calorias vazias (sem qualquer valor nutricional), elas aumentam o risco de doenças do coração.

Diet e light

Alimentos diet, compostos com aditivos químicos, são, portanto, ultraprocessados. Assim como medicamentos, são indicados para um público específico – diabéticos, sob controle médico.

Já os produtos light, com o objetivo de reduzir o consumo de gordura ou açúcar, podem ter maior quantidade de adoçantes e outros aditivos químicos para melhorar o sabor. Nesse caso, é mais saudável e recomendado apenas a redução de consumo do produto original, em lugar de substitui-lo pela versão light.

O básico

Alimentação saudável e bom senso têm tudo a ver: quanto menos embalagem e mais casca, melhor e mais saudável é o alimento. O Guia Alimentar para a População Brasileira, documento elaborado por profissionais da USP e do Ministério da Saúde, recomenda como base ideal para uma dieta saudável:

● privilegiar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados – legumes, verduras, frutas, carnes, peixes, arroz, feijão, ovos, castanhas, grãos e leguminosas;

● usar óleos, gorduras em geral, açúcar e sal em quantidades moderadas;

● evitar ou diminuir drasticamente os ultraprocessados;

● comer com regularidade e atenção, em ambientes tranquilos, limpos e, se possível, em boa companhia.

Mudanças
Os avanços do mundo atual, a mecanização, a informatização, a tecnologia, mudaram muito – e rápido demais – o estilo de vida de toda a humanidade. Nossos organismos, no entanto, não têm esse mesmo “tempo evolutivo”, e precisam da nutrição de “antigamente”, aquela de nossos ancestrais.

Assim, para se manter saudável, pense no que se comia na casa dos pais, e, mais especialmente, na dos avós – e até mais para atrás ainda, para quem tem essa memória. As boas lembranças acompanham a boa mesa.

Coma bem, viva bem!

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